Uma peça de Arte não é apenas uma pintura emoldurada na parede de um museu, uma escultura na praça, um livro na estante, um CD de sucesso, um filme premiado. Esses são objetos de Arte finalizados, muitas vezes de grande beleza e acabamento impecável, encapados, embalados, emoldurados dentro dos padrões impostos pela sociedade, tais como medidas, formas, tempo, estilos; regras de um mundo movido pelo lucro desenfreado, pela ganância, pelo consumismo, por aparências. Muitos desses objetos de Arte finalizados são tremendamente valorizados, outros nem tanto. A valorização de alguns, que às vezes chega a ser obscena, nem sempre é merecedora. Grandes obras são legadas ao esquecimento, apodrecendo nos lixões da história por não despertarem o interesse comercial de alguém, pela ética do autor não permitir sua exploração, por falta de oportunismo e muitas razões mais.

Toda obra de Arte antes de estar finalizada tem uma história formada por pequenos ou grandes DETALHES para os quais o criador presta mais ou menos atenção. São DETALHES que fogem ao controle imposto pelo mundo moderno, os mesmos DETALHES que um dia foram importantes ao artista anônimo das cavernas de Altamira, aos arquitetos das pirâmides do Egito e das Américas, ao aborígene australiano, a Michelangelo, a Leonardo Da Vinci, Dante, Shakespeare, Dostoievski, Mozart, Beethoven, Tolkien, Huxley, Euclides da Cunha, Fritz Lang, Kubrick,Spielberg...Podem ser meros fragmentos de idéias, um rabisco amassado na lixeira, angústias, dúvidas, lágrimas, lembranças murmuradas pelo vento, um sorriso com mil significados, um pensamento tolo abandonado nos recantos distantes de nossa mente, um trauma, um sonho, uma tragédia, uma transgressão, uma flor, o mar distante, uma conquista, uma perda, uma estrela brilhante, uma paixão, uma mancha na parede, um perfume, um colorido, um sabor amargo.

São tantos DETALHES que podem motivar a criação de uma obra de Arte, que muitos deles, mesmo na sua insignificância aparente, são por si só verdadeiras obras de ARTE. O produto finalizado, a obra de Arte que encontramos nos museus, cinemas, praças, teatros, livrarias, lojas, enfim, nem sempre tem o mesmo valor de um pequeno DETALHE que a inspirou.

Se “viver é uma Arte” e “nada é por acaso”, então porque não prestar mais atenção aos DETALHES para podermos avaliar melhor a realidade imediata?  

quarta-feira, janeiro 14, 2009

APRIL 19 STREET / Rua 19 de Abril

32" x 40" - acrilic on canvas / 80 x 100 cm - acrílico sobre tela

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